Friday, November 25, 2011

A Garota e o Demônio (The Girl and the Devil)

A garota estava sentada na rocha, observando a paisagem, as montanhas lineares da ilha de Skye, sonhando e se animando com seus planos para a jornada do ano que estava por vir.

Um sujeito ruivo se aproximou perguntando: - Está vendo aquele povo lá embaixo? Aquela criança que você vê correndo não está brincando, está apenas assustada e sem saber para onde ir. - Aquela senhora que você julga de aparência culta e singela, calma e sossegada nessa tarde, não está lendo aquele livro em suas mãos. Está pensando em como irá curar a doença que se instalou no seu corpo há três anos. - Aquele casal de namorados não se ama: a garota está pensando no encontro que terá mais tarde com o homem casado que a abandonou há muito tempo atrás, o qual jamais esqueceu. E ele sabendo, embriaga-se de rum e dor. E mais longe ali naquela casa há uma briga horrorosa, um furto na outra esquina. Se você lesse os pensamentos que os seres humanos têm assim como eu, ficaria realmente indignada.

- A paisagem daqui de cima parece bonita, mas você precisa apreciar os detalhes. Prosseguiu o homem com tom desafiador e astuto. – Você sonha com amor, união, reconciliações, esperança, fé, paz. Todas essas coisas não existem, são apenas inspirações e citações para tentar fazer a vida menos pesada. Não se engane. Tudo é muito real, mais surpreendentemente doloroso e triste por aqui.

O homem então prosseguiu em seu dialogo por mais alguns minutos quando a garota se cansou, levantou da rocha, seus olhos doces e sonhadores, bondosos e corajosos se dirigiram a ele e então concluiu:

- O senhor falou, falou, e eu escutei por algum tempo, agora se puder me dar licença, gostaria que notasse este pequeno detalhe que lhe escapou. Disse a garota apontando a rocha.

- Diabo, vá atormentar em outros lugares, porque minha fé é tão firme e forte quanto esta pedra que acabo de apontar.

A garota então saiu caminhando, sem olhar para trás.

Fez-se vento, fez-se chuva, fez-se paz.

English Version - The Girl and The Devil


The girl was sitting on the rock, watching the scenery, the linear mountains of the island of Skye, daydreaming and cheering with her plans for the journey ahead in the New Year.

A redheaded guy came closer asking, ‘Do you see those people down there? That child that you see running is not playing, she is just scared and not knowing where to go’.

‘That lady you think is educated and simple, calm and quiet this afternoon, she is not reading that book in her hands. She is wondering how she will cure the disease that is in her body for three years’.

‘That couple is not in love: the girl is thinking about the date she will have later with that married man who abandoned her long ago, and who she never forgot. And the guy knows it; so he gets drunk with rum and pain’.

‘And further, there, in that house, there is a terrible fight; there is a robbery at the other corner.’

‘If you could read the thoughts humans have in their minds, just like I can, you would be really upset.’

‘The landscape looks beautiful from up here, but you need to appreciate the details’, continued the man with a defiant and astute tone of voice.

‘You dream with love, unity, reconciliation, hope, faith, peace. All these things do not exist; they are just inspirations and quotes to try to make life less burdensome. Do not be fooled. Everything is very real, more surprisingly painful and sad around here.

The man, then, continued his dialogue for a few more minutes when the girl got tired, got up from the rock, her eyes dreamy and sweet, kind and brave, turned to him and then she concluded:

‘You, sir, spoke, spoke, and I listened for some time, now if you can excuse me, I would like you to noticed such little detail that you did not observed’, said the girl pointing to the rock, “Devil, go and torment elsewhere, because my faith is so firm and strong as this stone that I have just pointed.”

  The girl, then, walked away without looking back.

There was wind, there was rain, and there was peace.

Sunday, November 20, 2011

A casa de Vidro (The Glass House)




Quantas vezes nos deparamos com situações as quais não podemos encontrar solução. Não naquele momento, não durante aquele período de tempo. Certas situações se resolvem por si mesmas em alguns momentos, já para outras necessitamos paciência e inteligência unidas para chegar a uma solução favorável. É como brincar de faz de conta. Pena que quando crescemos esquecemos como é.


A vida cheia de sonhos, de conquistas e de coisas que antes nos fazia bem, agora nos amedronta. Por que temer sonhar, por que sonhar agora é só o impossível? Por que desistir facilmente no primeiro obstáculo? Será que desaprendemos na vida adulta a intensidade e a necessidade de ser criança, que cai e levanta sem medo, sem culpa. Que continua acreditando em contos de fada e continua sonhando sem culpa por ter levado tombos ou tropeços no caminho? Nossas casas adultas são frágeis, se desfazem e se despedaçam em milhões de cacos menores apenas com uma pequena pedra jogada no local correto. Apenas um pensamento negativo. Um erro, um fatal erro desmorona em pedaços nossa casa adulta. E por quê? Simplesmente estamos escolhendo o material errado para edifica-la.

A que é firme e segura pode até ser feita de vidro, mas sua fundação não está baseada nas frustrações e nem nos medos da vida adulta, mas sim na fé e na coragem de seguir adiante sabendo estar no caminho certo, aquele correto, que faz o bem, que quer o bem e que não aceita menos do que isso. Pense bem na estrutura da sua casa e que material você usará para construí-la e edifica-la.

English Version - The Glass House

How often we face situations in which we can not find a solution. Not then, not during that period of time. Certain situations are solved by themselves at times, while others we need to match patience and intelligence to reach a favorable solution. It's like playing make-believe. Unfortunately, when we grow up we forget how to do it.

A life full of dreams, achievements and things that once was good for us now frightens us. Why fear to dream? Why to dream now is only an impossible thing? Why give up easily at the first hurdle? Did we unlearn in adulthood the intensity and the need to be a child who falls and rises without fear, without guilt? Still believing in fairy tales and continuing to dream without guilt for taking falls or stumbles along the way?

Our homes as adults are frail; they crumble and shatter into millions of smaller pieces with only a small stone dropped into the right place. Only one negative thought. An error, a fatal error crumbles to pieces our home grown. And why? We're simply choosing the wrong material to build it. What is firm and safe can even be made of glass, but its foundation is not based on the frustrations and fears of adulthood, but in faith and courage to keep going being sure I am on the right path, the correct one, the one which makes good things, which takes care and does not accept less than that.

Think about the structure of your home and what material you use to build it and do it. Have a good week.