Algum Tempo (Some Time)

Demora algum tempo até que você aprenda que as melhores coisas não são as perfeitas.

Almejamos a perfeição a qualquer preço, custo e valor. Gastamos nosso tempo, valioso e lutamos incessantemente para atingir o perfeito, o completo, o inalterável.

Esquecemos que a vida é uma constante mutação entre estações e que cada uma delas nos ensina uma lição. O que seria do verão sem o inverno ou da primavera sem o outono. 

Cada uma das imperfeições molda perfeita sinfonia que torna tudo muito mais aceitável, tangível a nossa inconstante busca pela plenitude. Pelo perfeito, pelo correto.

Demora algum tempo até que você perceba que o verdadeiro amor não é o cheio de dores no peito e de distancias inatingíveis, de sofrimento e fins tristes como a literatura insiste em demonstrar. Com o tempo, você aprende que amar verdadeiramente é aceitar as imperfeições e saber que alguém ao seu lado o atrai pelo riso, pela mútua identificação e pelas lutas similares que juntos vocês lidam diariamente. 

Não busque os contos de fada. São lindos, perfeitos, por isso tão imperfeitos se tornam a cada dia nas nossas vidas. Não há perfeição na vida. Busque dentro da sua imaginação alguém que o complete na sua loucura, na sua essência e que lhe de a liberdade de ser você mesmo sem usar de nenhuma esquiva. Encontre essa pessoa e você conseguirá caminhar alguns passos ao lado dela. Esqueça o egocentrismo que hoje em dia é tão presente em nossas vidas.

Demora algum tempo até que você aprenda que o trabalho perfeito não é o que melhor lhe remunera a conta bancária, mas o que lhe remunera intensamente o coração, a leveza do seu ser e lhe traz sentido a cada manhã.

Algum tempo mais e você descobre que aquele livro que você tanto despreza a leitura é um verdadeiro companheiro nas horas em que a angustia e incessante velocidade dos dias atuais  pede por mais e mais de nós mesmos.

Voltamos à escravidão, enlouquecemos juntos, em uma sociedade completamente intolerante a qualquer momento de paz e reflexão. 

Refletir e pensar tornou-se privilégio de poucos e escassez de muitos. Sofremos amnésia coletiva de tudo o que mais necessitamos: reflexão. O mundo inteiro está doente, e não se dá conta.  Necessitamos cada dia mais de psicólogos e medicamentos e cada vez menos nos damos conta que o problema principal é a falta de convívio social. De toques, de dança, de abraços, beijos, toques, calor humano. 

Acredito que em algum dia retornaremos aos primórdios das relações humanas, seremos mais humanos, menos robóticos, menos frios, mais quentes, valorizaremos mais os que nos cercam e os que são por nós.

Retomaremos nossa fé, nossa essência, nossa música e nossa dança, e assim tudo voltará a fazer sentido.

Um dia entenderemos que voltar alguns passos não é regredir e sim evoluir, porque até mesmo os mais sábios fizeram isso quando necessitaram.

Some Time (English Version) 

It takes some time until you learn that the best things are not perfect.

We aim perfection at any price, cost and value. We spend our valuable time and strive incessantly to achieve the perfect, full, the unchangeable.

We forget that life is a constant change between seasons and that each of them teaches us a lesson. What would be of the summer without winter or spring without autumn.

Each imperfection perfecly shapes the symphony that makes everything more acceptable, tangible to our ficle quest of wholeness. For the perfect, the right thing.

It takes some time until you realize that true love is not full of pains in the chest and unreachable distances, suffering and sorrowful ends as literature insists on demonstrating. Over time, you learn that love truly is to accept imperfections and know that someone on your side attracts by reason laugh, of the the identification and the struggles that together you deal daily .

Do not seek the fairy tale might. They're so beautiful and perfect, as they become imperfect in every day in our lives. There is no perfection in life. Search within your imagination that someone that complete your madness, and in essence that gives you the freedom to be yourself without using any avoidance. Find that person and you will be able to walk a few steps beside her/him. Forget the self-centeredness that nowadays is so present in our lives.

It takes some time until you learn that the perfect job is not what pays you best at your bank account, but the ones that pays you intensely at heart and the lightness of your being and brings meaning to life every morning.

Some more time and you discover that the book you so much disregard reading is a true companion in the hours when anxiety and constant speed of present days asks for more and more of ourselves.

We returned to slavery times, gone mad together in a completely intolerant society to any moment of peace and reflection.

Reflect and think became a privilege of few and scarcity of many. We collective Suffer of amnesia of everything we most need: reflection.

The whole world is sick, and does not realize. We need more and more psychologists and medications and increasingly less we realize that the main problem is the lack of social interaction: Dancing, hugs, kisses, touches, human warmth.

I believe that someday we will return to the origins of human relations we will be more human, less robotic, less cold, warmer, we will value more those around us and those who stand for us.

We will return our faith, our essence, our music and our dance, and so everything will make sense.

One day we will understand that some steps back is not regress but progress, even the wisest did it when needed.